Cirurgia Conservadora ou Mastectomia Após Quimioterapia Neoadjuvante? O Que a Ciência Atual Diz Sobre as Melhores Opções para o Tratamento do Câncer de Mama
O tratamento do câncer de mama evoluiu de forma significativa nas últimas décadas, especialmente quando falamos em abordagens cirúrgicas. A escolha entre a cirurgia conservadora da mama (também conhecida como lumpectomia ou quadrantectomia) e a mastectomia (remoção total da mama) sempre gerou discussões entre médicos e pacientes. Mas e quando essa decisão ocorre após a quimioterapia neoadjuvante (NAC)? Um novo estudo multicêntrico, conduzido no Brasil, trouxe dados contemporâneos que ajudam a esclarecer qual dessas estratégias pode oferecer melhores resultados oncológicos e de qualidade de vida.
Entendendo o cenário atual
A cirurgia conservadora da mama é a opção preferencial para mulheres com câncer de mama em estágio inicial, por preservar a mama e proporcionar melhor qualidade de vida sem comprometer a eficácia do tratamento. Tradicionalmente, a mastectomia era indicada para tumores maiores ou em estágios mais avançados, especialmente antes do surgimento de terapias sistêmicas mais eficazes.
A quimioterapia neoadjuvante mudou o panorama do tratamento. Antes utilizada apenas para reduzir tumores localmente avançados e tornar cirurgias possíveis, hoje a NAC é aplicada mesmo em pacientes com tumores operáveis, já que, além de facilitar cirurgias conservadoras, ajuda na identificação de pacientes que podem se beneficiar de terapias adjuvantes após a cirurgia.
O estudo: cirurgia conservadora versus mastectomia após NAC (Quimioterapia Neoadjuvante)
Pesquisadores brasileiros de duas instituições públicas de referência – o Hospital Geral de Fortaleza e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – reuniram dados de 365 pacientes tratadas entre 2013 e 2023. O estudo avaliou mulheres com câncer de mama em estágios clínicos T1 a T4, N0 a N3 (sem metástase), que completaram a quimioterapia neoadjuvante e passaram por cirurgia.
Do total, 200 mulheres foram submetidas à cirurgia conservadora e 165 à mastectomia. Um dos focos principais do trabalho foi comparar taxas de recidiva local (quando o tumor reaparece na mesma mama ou região da cirurgia), recidiva à distância (quando o câncer retorna em outras partes do corpo) e mortalidade em um seguimento médio de 65 meses.
Principais resultados
- Recidiva local (LR): taxas semelhantes entre os grupos, com 5% no grupo da cirurgia conservadora e 4,8% na mastectomia.
- Recidiva à distância (DR): também similar, com 9% para BCS e 10,9% para mastectomia.
- Mortalidade: significativamente menor entre as pacientes que realizaram cirurgia conservadora (3% contra 8,5% na mastectomia).
- Sobrevida livre de recidiva local em 10 anos: superior na BCS (98,5%) versus 95% na mastectomia.
- Sobrevida global em 10 anos: mais favorável para o grupo BCS (97% versus 91,5%).
Curiosamente, mesmo em casos de tumores mais avançados (estágio T4), o grupo da cirurgia conservadora apresentou uma sobrevida livre de doença superior (94,5%) em comparação à mastectomia (81,8%).
O que esses dados significam para pacientes e profissionais de saúde?
Historicamente, havia um receio de que optar pela cirurgia conservadora em tumores grandes ou em pacientes inicialmente não elegíveis aumentaria o risco de recidiva local após a NAC. Estudos antigos apontavam para taxas maiores de retorno do tumor na mama quando se optava por preservar a mama após a quimioterapia. No entanto, os dados recentes sugerem que este cenário mudou.
A principal razão para essa mudança está no avanço das terapias sistêmicas, como a combinação de antraciclinas e taxanos na quimioterapia e o uso de terapias-alvo (como o trastuzumabe em pacientes HER2 +). Essas estratégias aumentaram significativamente as taxas de resposta patológica completa (pCR), ou seja, quando o tumor desaparece completamente após a NAC.
Além disso, o planejamento cirúrgico e o uso de melhores técnicas de imagem (mamografia digital, ultrassonografia e ressonância magnética) têm contribuído para uma localização mais precisa do tumor e, consequentemente, cirurgias mais seguras e eficazes.
A realidade do SUS e os desafios enfrentados
O estudo destacou que as pacientes tratadas no sistema público de saúde brasileiro (SUS) ainda enfrentam algumas limitações em relação ao acesso a tecnologias e medicamentos. Por exemplo:
- Terapias modernas como pertuzumabe, T-DM1 (trastuzumabe emtansina), pembrolizumabe e olaparibe não estavam disponíveis para essas pacientes durante o período do estudo.
- Nem sempre foi possível marcar o tumor com clipes metálicos antes da quimioterapia – prática comum em países desenvolvidos –, o que poderia ter tornado a cirurgia ainda mais precisa.
Mesmo diante dessas restrições, a cirurgia conservadora se mostrou segura e eficaz, com desfechos oncológicos favoráveis.
Cirurgia conservadora: mais que sobrevida, mais qualidade de vida
Outro aspecto importante é a qualidade de vida das pacientes. Além da eficácia no controle do câncer, a BCS preserva a mama, o que impacta positivamente o bem-estar emocional e a autoestima das mulheres.
Estudos recentes demonstram que, no longo prazo, mulheres submetidas à BCS relatam melhores níveis de satisfação corporal, sexualidade e saúde mental, quando comparadas àquelas que realizaram mastectomia, mesmo com reconstrução mamária.
O que considerar na escolha do tratamento?
A escolha entre cirurgia conservadora e mastectomia deve ser sempre individualizada, levando em conta:
- Estágio clínico do tumor.
- Resposta à quimioterapia neoadjuvante.
- Biologia do tumor (subtipos como luminal, HER2+, ou triplo-negativo).
- Expectativas e preferências da paciente.
- Disponibilidade de terapias complementares e recursos cirúrgicos.
Nos casos em que a resposta à NAC é boa e o tumor pode ser retirado com margens seguras, a BCS passa a ser uma alternativa tão eficaz quanto a mastectomia, mesmo em tumores localmente avançados.
E quanto à radioterapia?
Após a cirurgia conservadora, a radioterapia é obrigatória para garantir o controle local do câncer. Já nas pacientes submetidas à mastectomia, a radioterapia pode ser indicada dependendo do estágio do tumor e da resposta à NAC.
Vale ressaltar que a combinação de BCS e radioterapia mostrou-se eficaz no controle do câncer e na redução das chances de recidiva.
Conclusão
O estudo brasileiro confirma que a cirurgia conservadora, após a quimioterapia neoadjuvante, é uma estratégia segura e eficaz para o tratamento do câncer de mama, inclusive em casos de doença localmente avançada. Mais do que isso, mostra que mesmo em instituições públicas, com limitações de acesso a recursos de ponta, é possível alcançar resultados oncológicos excelentes.
Cada vez mais, a tendência é personalizar o tratamento, buscando equilibrar segurança oncológica com a preservação da qualidade de vida. A mensagem para pacientes e profissionais é clara: com o tratamento adequado e uma equipe multidisciplinar, é possível oferecer uma abordagem menos mutiladora sem comprometer a eficácia.
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Lembre-se: o tratamento é individualizado e deve ser discutido com o mastologista e o oncologista. Caso esteja considerando cirurgia, vale a pena perguntar sobre a possibilidade da cirurgia conservadora e entender como a quimioterapia neoadjuvante pode ser usada a seu favor.
Esse estudo brasileiro confirma que a cirurgia conservadora, após a quimioterapia neoadjuvante, é uma estratégia segura e eficaz para o tratamento do câncer de mama, inclusive em casos de doença localmente avançada. Mais do que isso, mostra que mesmo em instituições públicas, com limitações de acesso a recursos de ponta, é possível alcançar resultados oncológicos excelentes.
Cada vez mais, a tendência é personalizar o tratamento, buscando equilibrar segurança oncológica com a preservação da qualidade de vida. A mensagem para pacientes e profissionais é clara: com o tratamento adequado e uma equipe multidisciplinar, é possível oferecer uma abordagem menos mutiladora sem comprometer a eficácia.
MUITO IMPORTANTE! ⇒ TODA VEZ QUE O MÉDICO COMBINA COM VOCÊ DE FAZER UMA CIRURGIA CONSERVADORA, VOCÊ PODE ACORDAR DA CIRURGIA E TER SIDO REALIZADO UMA MASTECTOMIA, POIS O TUMOR PODE ESTAR ALÉM DO QUE MOSTRA OS EXAMES. |
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1. Qual é o estágio atual do seu câncer de mama (informado pelo seu médico)?
- ( ) Estágio inicial (T1 ou T2) – TUMORES ATÉ 5,0 cm DE TAMANHO.
- ( ) Localmente avançado (T3 ou T4) – TUMORES COM MAIS DE 5,0 cm DE TAMANHO E TUMORES QUE APRESENTAM FERIMENTOS NA PELE
- ( ) Ainda não sei
2. Você já realizou quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia)?
- ( ) Sim
- ( ) Não
- ( ) Estou em tratamento ou aguardando
3. O que é mais importante para você na escolha do tratamento cirúrgico?
- ( ) Preservar a mama, se possível
- ( ) Reduzir ao máximo o risco de recidiva, mesmo com uma cirurgia mais extensa
- ( ) Depende da recomendação do meu médico
4. Você tem indicação de radioterapia após a cirurgia (segundo seu oncologista)? AS CIRURGIAS CONSERVADORAS TÊM INDICAÇÃO DE RADIOTERAPIA EM QUASE 100% DOS CASOS. ÀS MASTECTOMIAS DEPENDE DO RESULTADO DA BIÓPSIA DA CIRURGIA.
- ( ) Sim
- ( ) Não
- ( ) Ainda não sei
5. Como você se sente em relação ao impacto emocional e estético da cirurgia?
- ( ) Quero muito preservar minha mama
- ( ) Estou disposta a passar pela mastectomia se isso significar mais segurança oncológica
- ( ) Estou em dúvida e gostaria de mais informações
Seu resultado:
🟢 Maior tendência à cirurgia conservadora: |
Se você marcou mais respostas relacionadas à preservação da mama e está respondendo bem à NAC, a cirurgia conservadora pode ser uma excelente opção — com segurança e melhores índices de qualidade de vida.
🔵 Maior tendência à mastectomia: |
Se sua prioridade for minimizar riscos ou se o tumor é mais avançado e não respondeu tão bem à quimioterapia, a mastectomia pode ser mais indicada.
Ainda em dúvida?
É super normal! O melhor caminho é conversar com sua equipe de mastologia e oncologia para tomar uma decisão conjunta e personalizada.
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